Esta quarta edição do
evento traz o tema Pesquisa em dança: interculturalidade e diásporas. O
objetivo é discutir a cultura como elemento que transversaliza a dança e o contato
entre diferentes culturas que faz emergir novas expressões artísticas. No
entanto, essas hidridações que resultam das dinâmicas interculturais, não se
desenvolvem de maneira harmônica, ao contrário, são filhas do conflito, da
dominação e da violência simbólica que se impuseram ao longo da história da
humanidade.
Na era moderna, por
exemplo, as diásporas de diferentes povos não se impuseram pela vontade, mas
pela força, como aconteceu com os povos negros africanos escravizados, aos
judeus, aos ciganos, em suma, aos povos historicamente subalternizados -ou
alijados de poder de escolha devido ao seu pertencimento étnico-cultural - pela
cultura hegemônica do Ocidente branco, cristão e masculino.
Entre essas diásporas, o
IV ENGRUPE Dança privilegia a africana e sua influência na colonização das
Américas. No século XX, depois do fim da escravidão no século anterior, os
povos de origem africana e seus descendentes tiveram uma contribuição decisiva
nas artes, em especial na dança. No Brasil, o Samba, o Afoxé, o Maracatu, o
Coco e suas variantes, entre elas o de Mazuca, o Maculelê, o Frevo, a Capoeira
etc. saíram das senzalas e dos terreiros para colonizar o Brasil ao contrário,
tornando-nos a todos negros também em nossos costumes, culinárias, artes e na
forma como aprendemos a ser humanos.
As tonalidades africanas
desses encontro serão pincelas pela conferência, pelas paletras e pelas
apresentações artísticas. Na conferência de abertura contamos com a presença do
Prof. Thomas DeFrantz, pesquisador e professor da Universidade Duke, no
Estados Unidos, do Departamento de Estudos Africanos e Afro-Americanos. Sua
produção acadêmica versa sobre a contribuição africana na dança social
americana.
A Profa. Marianna
Monteiro integra o corpo docente do Instituto de Artes da UNESP e pesquisa
a dança brasileira. É coautora dos vídeos Lambe Sujo uma Ópera dos Quilombos e
Balé de Pé no Chão: a Dança Afro de Mercedes Baptista e também líder do grupo
de pesquisa: Grupo Terreiro de Investigações Cênicas: Teatro, Brincadeiras,
Rituais e Vadiagens.
A professora, bailarina e
coreógrafa Yáskara Manzini tem como temas de pesquisa a dança cerimonial
do Candomblé e o Samba. Atualmente é coreógrafa da Escola de Samba X-9 de São
Paulo.
As apresentações
artísticas trazem a dança e os ritmos populares brasileiros com a presença de Isaura
de Assis, Carlos Negreiros de Gabriela
Santana e do grupo Afoxé Oyá Tokolê.
Espera-se com essas atividades contribuir para a
escritura de uma história da dança do ponto de vista das narrativas das culturas,
em especial da cultura afro-americana.
Rita Ribeiro Voss
Atenção
As inscrições para ouvintes ainda estão abertas até o dia 02 de outubro e podem ser feitas no local.