segunda-feira, 22 de abril de 2013

Apresentação

O ENGRUPE Dança - Encontro Nacional de Grupos de Pesquisa em Dança - é um evento bianual. Sua finalidade é promover o diálogo e o intercâmbio entre pesquisadores participantes e líderes de grupos de pesquisas certificados pelo CNPq fomentando, com isso, o reconhecimento da produção multidisciplinar na área. O encontro também almeja intensificar a rede de cooperação acadêmica entre os grupos de pesquisas que participam do evento, por meio de ações que contribuam para a qualificação da pesquisa junto aos programas e instituições envolvidas, beneficiando professores, pesquisadores, alunos de graduação e de pós-graduação.
Esta quarta edição do evento traz o tema Pesquisa em dança: interculturalidade e diásporas. O objetivo é discutir a cultura como elemento que transversaliza a dança e o contato entre diferentes culturas que faz emergir novas expressões artísticas. No entanto, essas hidridações que resultam das dinâmicas interculturais, não se desenvolvem de maneira harmônica, ao contrário, são filhas do conflito, da dominação e da violência simbólica que se impuseram ao longo da história da humanidade.
Na era moderna, por exemplo, as diásporas de diferentes povos não se impuseram pela vontade, mas pela força, como aconteceu com os povos negros africanos escravizados, aos judeus, aos ciganos, em suma, aos povos historicamente subalternizados -ou alijados de poder de escolha devido ao seu pertencimento étnico-cultural - pela cultura hegemônica do Ocidente branco, cristão e masculino.
Entre essas diásporas, o IV ENGRUPE Dança privilegia a africana e sua influência na colonização das Américas. No século XX, depois do fim da escravidão no século anterior, os povos de origem africana e seus descendentes tiveram uma contribuição decisiva nas artes, em especial na dança. No Brasil, o Samba, o Afoxé, o Maracatu, o Coco e suas variantes, entre elas o de Mazuca, o Maculelê, o Frevo, a Capoeira etc. saíram das senzalas e dos terreiros para colonizar o Brasil ao contrário, tornando-nos a todos negros também em nossos costumes, culinárias, artes e na forma como aprendemos a ser humanos.
As tonalidades africanas desses encontro serão pincelas pela conferência, pelas paletras e pelas apresentações artísticas. Na conferência de abertura contamos com a presença do Prof. Thomas DeFrantz, pesquisador e professor da Universidade Duke, no Estados Unidos, do Departamento de Estudos Africanos e Afro-Americanos. Sua produção acadêmica versa sobre a contribuição africana na dança social americana.
A Profa. Marianna Monteiro integra o corpo docente do Instituto de Artes da UNESP e pesquisa a dança brasileira. É coautora dos vídeos Lambe Sujo uma Ópera dos Quilombos e Balé de Pé no Chão: a Dança Afro de Mercedes Baptista e também líder do grupo de pesquisa: Grupo Terreiro de Investigações Cênicas: Teatro, Brincadeiras, Rituais e Vadiagens.
A professora, bailarina e coreógrafa Yáskara Manzini tem como temas de pesquisa a dança cerimonial do Candomblé e o Samba. Atualmente é coreógrafa da Escola de Samba X-9 de São Paulo.
As apresentações artísticas trazem a dança e os ritmos populares brasileiros com a presença de Isaura de Assis, Carlos Negreiros de Gabriela Santana e do grupo Afoxé Oyá Tokolê.
Espera-se com essas atividades contribuir para a escritura de uma história da dança do ponto de vista das narrativas das culturas, em especial da cultura afro-americana.
Rita Ribeiro Voss







Atenção
As inscrições para ouvintes ainda estão abertas até o dia 02 de outubro e podem ser feitas no local.